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O túmulo foi revitalizado e é considerado o primeiro patrimônio histórico de Primavera do Leste
06/06/2018
Depois de décadas, a gestão municipal reconheceu a sepultura de Velha Joana como o primeiro patrimônio histórico da cidade. O túmulo foi revitalizada e em seis meses foi construída uma praça em torno do monumento, fundos do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT – Pólo Primavera). A cerimônia de inauguração ocorreu na última terça-feira (5).
Familiares da homenageada compareceram ao evento: Maria Edite de Oliveira Sousa, casada com um dos 15 netos de Velha Joana, acompanhada da filha Ademilde de Oliveira Sousa, bisneta de Velha Joana, Nonete Oliveira Silva, também bisneta; e Benjamim Francisco de Souza Neto, tataraneto de Velha Joana.
Para a bisneta Ademilde “é muito emocionante. Nossa família está muito feliz. É uma coisa muito bonita o que estão fazendo. É uma honra um antepassado nosso ser tão valorizado. Parabenizo e agradeço ao povo de Primavera”, disse Ademilde, que também tem importância para a construção histórica e de desenvolvimento de Primavera, por ter sido a primeira diretora escolar, quando Primavera ainda era um pequeno distrito da cidade mãe – Poxoréu.
O coordenador de turismo, Eraldo Fortes, destacou que essa praça representa o resgate da história de Primavera do Leste. “Confirmamos que em meados da década de 30 e 40, Velha Joana morou sozinha, como conta os parentes que foram encontrados pela nossa equipe. São relatos interessantes sobre essa mulher que viveu aqui, ocupou esse espaço, morreu e foi sepultada nesse lugar. Prova disso é a sepultura que permanece até hoje. O espaço torna-se o primeiro monumento histórico de Primavera do Leste”.
A construção da praça foi possível por meio de mais uma parceria entre a iniciativa privada e a prefeitura, com apoio da família Gasparotto. Para o prefeito Léo Bortolin, esta é mais uma demonstração de que essa parceria dá certo. “Quero agradecer a Família Gasparotto que, na parceria, desenvolveu essa belíssima praça que, através da Coordenação de Turismo e da Secretaria de Infraestrutura, não mediram esforços para conseguir entregar mais esse ponto turístico à nossa cidade”.
O vice-prefeito Sérgio Fava observa que é importante o resgatar da história, “porque dessa forma nos tornamos um povo culto e conhecedores da história de nossa amada Primavera do Leste. É por isso que nossa gestão apoia e valoriza esse resgate histórico”.
O vereador Piru, representando a Câmara dos Vereadores, entende que essa é uma das maiores iniciativas do Executivo municipal, com relação a preservação da história de onde nasceu Primavera. “Fico contente de participar desse momento, porque essa é uma história que vai continuar viva. Parabenizo o gestor público e o coordenador Eraldo Fortes, uma pessoa que sempre preservou essa história desde quando estava no Legislativo municipal”.
QUEM FOI VELHA JOANA
Ainda não existiam estradas, casas e população. Onde no futuro se formaria uma das principais cidades de Mato Grosso, em meados da década de 30, era um território tomado pelos animais selvagens que habitavam em um imenso cerrado. Na época os perigos de sobrevivência para a vida humana nessa região só não impediram que uma mulher, conhecida como Velha Joana habitasse por aqui, isoladamente, onde morreu, foi enterrada e tem até hoje a cruz que identifica sua sepultura, no Parque Eldorado.
A história de Velha Joana, para muitos, era uma lenda até o ano de 2008. O atual coordenador de turismo, Eraldo Fortes, nesta época presidente da Câmara Municipal, iniciou um trabalho de resgate e arquivamento da história de Primavera do Leste, para compor o Instituto Memória. Diversos pioneiros foram ouvidos e a existência da Velha Joana, a partir daí, passou a ser investigada também.
Na cidade de Poxoréu, Eraldo Fortes encontrou a bisneta Ademilde de Oliveira. Com o conjunto de informações relatadas por familiares, a “lenda” se consolidou, definitivamente, como realidade. Ele descobriu que Joana habitava as margens de um córrego.
“Passaram-se 10 anos e a história, novamente, foi esquecida. A preservação do túmulo me inquietava, porque aos poucos vinha sendo destruído por ações de vândalos, pela ação do tempo e por omissão dos governantes. Mas a cruz sempre se manteve firme, robusta e forte”, comenta Eraldo. Por isso, enquanto coordenador de turismo, optou por colocar o túmulo de Velha Joana no catálogo de patrimônio histórico do município.
Para isso foi necessária uma pesquisa minuciosa na história de Velha Joana. Foi apurado que ela nasceu no Estado de Goiás e teve um casal de filhos, José Leôncio – assassinado ainda em Goiás – e Ana Virgínia de Souza, que deu 15 netos a ela.
Não se sabe por que Velha Joana decidiu viver isolada no meio do cerrado, mas os netos que a visitava, diziam que ela era uma mulher forte, determinada e muito corajosa. Joana criava gado, caçava e pescava no Rio das Mortes. Para se transportar, utilizava cavalos e carroça. Para evitar o ataque de onças e outros animais selvagens, quando pescava, pendurava a rede no alto de árvores e costumava andar armada.
Um fato curioso sobre a morte de Velha Joana é que ela sempre disse que sabia quando iria morrer. No mesmo dia citado por ela como sendo a data de sua morte, Joana ficou até mais tarde na cama. Indagada pela filha sobre o motivo de não ter levantado cedo, ela respondeu com uma pergunta: “Esqueceu que dia é hoje? Hoje será o dia em que eu vou morrer! Não se tem registro desta data, mas foi o mesmo dia do seu sepultamento, com o túmulo cercado de paus de aroeira, onde hoje é o Parque Eldorado.
Para complementar a história baseada em relatos, Fortes procurou documentos nos cartórios de registros de Poxoréu e de Alto Coité. Nas certidões dos 15 filhos de Ana Virgínia, constava como avó o nome Joana Cândido de Melo, a Velha Joana, assim como na certidão de óbito de Ana Virgínia.
“As pesquisas continuam. Mesmo vivendo solitariamente, as descendências de Velha Joana estão espalhadas pelo Brasil. E neste lugar permanece o símbolo da primeira moradora de Primavera do Leste”, destaca Eraldo.
Ascom - Prefeitura de Primavera do Leste
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