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Secretaria de Assistência Social

“Proteger é coisa nossa”

Com essa campanha o CREAS intensifica a prevenção ao abuso sexual

21/05/2018

Diego Eifler

Ética, respeito, comprometimento e dedicação são alguns dos preceitos que regem o trabalho das profissionais que atuam no CREAS, acolhendo e orientando as vítimas de abuso, principalmente o sexual, sofrido por crianças, adolescentes e mulheres. As informações chocam porque a violência está muito próxima de nós e, segundo a psicóloga Bruna Bonato, “os abusos são constantes, principalmente no âmbito familiar, praticado por pessoas do convívio das crianças”.

Para Bruna, é fundamental fortalecer o vínculo familiar para que a criança se sinta segura e passe a confiar em alguém da família, que normalmente seria a mãe. E ela explica – “toda a família é atendida visto que muitas vezes a mãe passa a ter um sentimento de culpa por não conseguir proteger a filha ou filho”.

Para a assistente social, Manuela Passos, “o abuso sempre existiu e, exatamente como agora, com o agressor dentro de casa – pai, padrasto, irmão mais velho, e até avós, entretanto atualmente o problema está mais discutido, se tornando mais visível à sociedade”. E mais – é preciso maior vigilância e, Manuela chama a atenção para a vigilância permanente ficar atentos a comportamentos sexualizados na creche, que pode ser um indício de que a criança tenha sido abusada ou venha ser, enfim, “é preciso montar uma rede de proteção à criança – pais e professores são fundamentais nesse processo”.

Para Bruna, existe todo um cuidado em prevenir a criança sobre abusos. No CREAS elas usam um material da educadora sexual Carolina Arcari, autora do livro Pipo e Fifi, (www.pipoefifi.com.br) que tem um componente didaticamente correto- um jogo lúdico com as crianças e palestras com adolescentes e adultos nos CRAS e CREAS, que permite que as crianças falem sem se sentirem invadidas na sua intimidade, “tratamos o assunto com muito respeito, sem aumentar a vulnerabilidade da criança e, os resultados são visíveis”.

Outro aspecto abordado por Manuela é que as famílias não sabem falar sobre a proteção do corpo da criança e, “quando orientamos esses pais, eles gostam e agradecem, porque passam a entender o papel que eles exercem nesse contexto”. Na sua concepção, as campanhas proporcionam mais visibilidade e mais conscientização para denunciar.

OS NÚMEROS

Em 2017 o CREAS atendeu 50 casos de violência, divididos da seguinte forma: 26 de 0 a 11 anos; 21 de 12 a 17 e três adultos. Desses 50, 10 foram meninos e 40 meninas. E mais, dos 50, 15 eram padrastos os agressores, oito foram pais e 25 outros com vínculos familiares.

A coordenadora do CREAS, pedagoga e orientadora social Iltenir Ferreira, conta com três psicólogos, os assistentes sociais, pedagogos e uma auxiliar administrativo, o que é número muito tímido para atender a demanda. Para Bruna, “o trabalho é permanente e a fila de espera é grande. Atualmente são 30 casos esperando vaga para serem atendidos”. Os casos chegam até o CREAS enviados pela rede de proteção – Ministério Público, Conselho Tutelar, Fórum, Escola, Saúde, enfim, todos os órgãos envolvidos com a proteção à criança e ao adolescente.

18 de maio foi instituídoo Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual Contra Crianças em homenagem a menina Araceli Cabrera Crespo, de oito anos, que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada no Espírito Santo, em 1973. O desaparecimento de Araceli completou 45 anos na última sexta-feira (18). No Brasil a data foi instituída a partir do ano de 2000.